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Eu hoje quase que podia deixar que a música falasse por mim, tomasse conta de mim e ficasse dentro de mim. Mas o espaço que tu ainda ocupas não o permite. Não há espaço para mais nada aqui dentro de mim.
Tu ocupas-me os frascos da memória. Estás sempre pronta a encher mais um quando algum se esvazia, quando algum perde o prazo de validade, ou quando na fúria das lembranças os parto a todos.
Ocupas-me os sonhos. Entraste nesse mundo onde agora só tu reinas. Teces-me os sonhos ao belo prazer das tuas vontades e prendes-me à tela que os passa numa versão a preto a branco.
Navegas-me no sangue. Vais num barco de papel tingido pela minha dor e infectas-me todas as veias com o néctar da tua presença.
Moras-me nas mãos que agora não te alcançam e que se fecham sempre com a memória dos teus dedos entrelaçados nos meus.
Vives no meu coração. Sempre viveste, desde o dia que te convidei para ficares dentro de mim. Dormes em todos os quartos, bombeando lágrimas em vez de sangue.
Vai-te embora daqui, de dentro de mim...
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