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Mas há uma diferença entre quem diz e entre quem sente. A diferença está na rapidez em substituir a outra pessoa, mais rápido que a chegada do vento, mais rápido que o próprio esquecimento.
Amar é mais que dizer. É sentir.
Vais substituindo todos os teus passos habituais por novos caminhos.
Vais desviando as atenções para outros destinos.
Vais descobrindo outras falas, outras conversas, outras vozes. Outros cheiros, outros sabores, outras pessoas.
Vais abrindo a mão a outras mãos, abrindo os braços a outros abraços e abrindo o coração a outra razão.
Vais escrevendo novos dias, com novos sorrisos, novas ideias, novos sonhos, novas descobertas.
Pode ser que olhes para trás. Pode ser que me ouças. Pode ser que mudes o caminho.
Enquanto isso, vais-te esquecendo. Vais-te afastando. Vais caminhando.
E é este mal estar interior que me aperta o grito na garganta, ou o saber o que a garganta tem para gritar.
E é pensar que estamos os dois errados, ou o erro que é o que estamos a desperdiçar.
E é o doer ou o magoar.
E é esquecer ou amar.
E o que se faz com o que sobra?
Guarda-se em arquivo. Organiza-se em pastas. Etiqueta-se com 'passado'.
Mesmo que, há uns dias atrás, te tenham feito acreditar só para te baralharem ou terem a certeza de que ainda guardas tudo aí dentro, para poderem continuar a brincar.
Mesmo que, há uns dias atrás, quando te sabiam longe, te pediram para voltar e, quando voltaste, não te fizeram querer ficar.
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