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Não são cacos partidos no chão. São pedaços de mágoa. O meu coração cospe-os e eu calco-os, na tentativa de fazer com que doa menos tudo aquilo que sinto. Mas ao calca-los corto os pés, também eles cansados de correrem por ti e atrás de ti.
Deixo que a música me embale e traduza o que sinto. Não choro pelos cacos que me entram nos pés… Choro sim por saber que um dia destes vou-te arrancar de mim. Vais ser memória, lembrança. Mas antes serás mágoa, raiva, revolta… Não serás dor. Dor já começaste tu a sê-lo. E como me dóis ultimamente!
Engraçado isto. Acreditei tanto em nós… E agora, nunca a descrença fez tão parte integrante de mim. Não me reconheço. Não sei como me tornei neste ser apático que insiste em assistir a este filme de final tão previsível. Como gostava eu de reescrever o nosso fim…
No dia em que te conheci não chovia. Mas também não fazia sol. Talvez seja por isso que a nossa relação seja cheia de dias cinzentos em que não chove nem faz sol.
Não gosto desse tempo, nunca gostei. Ao menos se chovesse eu tomava uma qualquer atitude. Mudava de país por exemplo. Ia para um país onde o tempo fosse menos indeciso e onde tu não estivesses por perto, para eu não correr o risco de ser mais indeciso que o tempo e acabar, como sempre, por optar por fugir contigo para o país onde não chove nem faz sol. Um país que só fica no nosso mapa e um tempo que somos nós que provocamos. Podemos provocar sol, por favor?
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