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Espera. Eu preciso de te passar a culpa que me pesa no vácuo que me transporta a alma. Este vácuo já é demasiado pequeno para a alma que me foge pelas bordas, quanto mais para carregar uma culpa que não me diz respeito... uma culpa que me ocupa alma e peito...
Espera. Eu preciso de te devolver o toque das tuas mãos que continua a aprisionar a minha pele. Quero livrar-me dele! A minha pele precisa de ter os poros livres para redescobrir o sabor de outros toques.
Espera. Eu preciso de te dar a minha carência. É a tua ausência que a provoca, por isso espera um pouco agora só para a levares embora.
Espera. Eu preciso de te falar das lágrimas que caem por ti. É por tua causa que elas me molham a cara e alimentam o fogo desta dor que nunca pára.
Espera. Eu preciso de te mostrar como sofro calado por não te ter ao meu lado... Espera, não vás...
Nem foi preciso falar.
O olhar disse tudo.
O silêncio calou tudo.
Calcaste o caminho,
farto de te levar,
apagando uma a uma as pegadas
deixadas, tentando prevenir
a vontade de te seguir
de cada um dos meus passos.
Quantas vezes mais terei de te explicar
que eu não te seguirei por aí?
Já devias saber que eu não te sigo...
Eu dou a volta e espero-te no fim do caminho,
pronto para te receber de novo.
Nem a esperança de uma lua cheia te fez voltar a encher o peito de mim. Nem lua, nem céu, nem eu, nada, ninguém, é capaz de acabar com a secura que engoliste e que depressa se apoderou de ti.
Nem a esperança de uma saudade te fez voltar a sentir a minha falta. Eu sei que pensas em mim! Sim, sim, sim... Nem lua, nem céu, nem eu, nada, ninguém!
Nem a esperança de uma recaída, uma ferida, um aviso, um aroma, um odor, uma dor, um grito, te fazem acordar na minha direcção. Nem um buraco do chão, nem o bater fraco do teu, do meu, coração... Não, NÃO, NÃO... Nem lua, nem céu, nem eu, nada, ninguém!
Nem a bem, nem a mal, nem implorando, nem pedindo, chorando, caindo, sofrendo, querendo, morrendo. Nem assim! Nem um sim, nem um não, um adeus, nem um perdão, uma ameaça, um pedido de vida, uma sentença de morte, uma acusação, uma defesa. Nem uma palavra, um sinal... Nem lua, nem céu, nem eu, nada, ninguém!
Sempre soube que o ar
era demasiadamente pobre para mim
e que teria de respirar
poesia para sobreviver.
Sempre soube que o meu ego
se alimentava de poesia para crescer
quando se sentia reduzido.
Mas o que eu não sabia é que escrever
poesia me faz sentir vivo.
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