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Quisera eu ser só o mar ou a chuva
que, em dias vazios de cor, diz adeus ao céu,
apenas para molhar-te a pele pálida
e descansar, do meu suplício, deitado em ti.
Quisera eu, apenas ser teu, embrulhar-te
nos meu braços como se, estes braços,
fossem apenas os laços
que seguram os teus cabelos perdidos.
Apenas quisera eu viver assim
e acreditar que era feliz,
contigo aqui perto de mim.
Vou cortar a alegria às facadas
e distribuir fatias a quem me sorrir agora.
Vou rasgar sorrisos às dentadas
e sortear pequenos retalhos por quem chora.
Vou colher sonhos com uma pá
e cultivar pedaços nas terras de quem luta.
Vou amar muito quem me ama
porque afinal a vida não é assim tão puta!
Navegam em mim espasmos de loucura
que, na sua mais curiosa forma,
me levam a pensar que este amor que sinto por ti,
vai morrer sem nunca ter encontrado uma cura.
Deliro e vejo a tua imagem banhada no meu corpo,
que te necessita, em tons de desejo e desespero,
com cada poro e milímetro de pele.
Estou num estado febril que me faz transpirar
súplicas ao teu amor indiferente,
que arde e queima muito mais que estes 40 graus…
E os espasmos de loucura continuam e vivem,
até que decidas amar-me nesta mesma loucura.
E cada movimento
Teu
Cai no esquecimento
Meu.
E eu fico ali nas horas
Vazias
Tantas horas
Frias
São as horas e os dias.
...
E o que é o amor, se não aquele bichinho que cresce como parasita e rapidamente se transforma numa daquelas doenças sem cura ou remédio?! É um breve despertar para a vida, que nos leva de rompante o sono e a fome, e nos deixa ali a sorrir para além do nada… Como se ali, ali naquele nada, pudesse existir um tudo ainda maior que os sonhos que transporto nesta caixa mágica de nome imaginação.
O amor é não mais que aquele estado sem nome nem definição, porque afinal nem mesmo o próprio amor se define… Apenas se resume a dois corações, que batem mais coordenados que o bater das ondas, e que olham na mesma direcção, em uníssono com a lua e as estrelas, tendo o universo inteiro como um palco bem pintado com a mesma cor que o amor arrasta mas que ninguém sabe qual é.
O amor é uma canção que vem dali e que entra aí e aqui, bem dentro de cada coração que anseia pela sua chegada e que fecha para obras e remodelações à sua partida. O amor é aquele desconhecido que se instala sem dar um olá e que exige de nós coisas que nunca pensamos que fossemos capazes de ter guardadas cá dentro.
Mas o amor não é só um estado de euforia e contentamento… O amor também pode ser um caos. O amor também é sofrimento e magoa quem ousa beber a sua infusão. O amor é forte mas pode ser frágil e quebrar só com um soprar de ciúmes. O amor é todo ele um enigma e uma contradição.
O amor é uma magia ouvi dizer… Eu não acredito, acredite quem quiser...
Hoje tentei fazer com que a vida
fosse menos dura e levantei-me
de encontro ao dia.
Abri buracos na parede
e olhei o céu azul...
Fazia tanto tempo que não o via.
Senti o cheiro que a manhã
me oferecia e corri para fora
destas quatro paredes
que teimam em prender-me
como redes...
E tu?
Quantas paredes te cercam?
Sinto que sofro e sigo a vida triste,
Como se todos os dias fossem iguais,
À espera daquela dádiva que não existe,
Mas que é a espera de todos os mortais!
Sinto que a cada dia que passa, carrego dor a mais,
E sinto que é inútil esperar por quem não vem.
Mas eu só sei viver assim, a morrer de amores irreais
E a suspirar, por quem nem sequer coração tem!
Sinto que sou o único assim no mundo
E que é estupidez amar deste jeito profundo,
A quem de mim não merece nada…
Mas sei que não mando no meu coração,
E que é inútil avisá-lo para que não
Se apaixone sempre pela pessoa errada…
Hoje não me apetece dizer que que a vi chorar. Não direi... Vou deixá-la sofrer o bastante até que ela me peça a força dos meus braços para chegar até mim.
Hoje não me apetece dizer que a vi cair. Não direi... Vou deixá-la magoar-se muito e esmurrar-se toda até que me peça ajuda e diga que o arrependimento também se lembrou dela.
Também não me apetece dizer que a vi à minha procura. Vou ficar escondido em silêncio e deixar que ela se perca até se encontrar em mim.
Não me apetece falar sobre ela e dizer que a vejo em mim. Não direi... Vou deixá-la guardada no quadro electrico que me sustenta a vida até que arranje outro sustento.
Já disse...
O calor sufoca-me
a pele e envolve-me
o corpo em suores nocturnos.
Derrete-me a aura
e estende-me o Karma
na rotina dos mosquitos
que me zumbem ao ouvido
um idioma indecifrável.
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