autoria de Bruno C. da Cruz, em 26.01.09
Passei a vida a correr sem ver ao certo quem corria à minha volta ou quem simplesmente corria ao meu lado. Agora que paro e fecho os olhos, deixando de lado os pés cansados que me guiavam nas voltas, admito que correr de olhos fechados nem sempre nos faz chegar a alguma meta.
Agora que paro a meio, sem saber como cá cheguei e, sem saber o caminho certo para correr, continuo sem saber quem corre comigo, quem corre para mim e quem corre por mim.
Continuo sem olhar, sem ver. Porque afinal juntamente com os pés também se me cansaram os olhos, também se me cansou tudo o que a cabeça segura e tudo que o peito guarda. Cansou-se-me a alma, a calma e o raio que parta a vida.
Não quero ser mais um que corre só por correr. Que corre para não estar parado. Estou cansado. Vou ficar sentado a ver-te correr à minha volta. Para mim. Por mim... Até que te canses e te sentes ao meu lado. Até que percebas que só correm os perdidos e que só se sentam aqueles que precisam ser achados.