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Abre a tua vida como uma janela... mas, cuidado com as moscas!

autoria de Bruno C. da Cruz, em 21.08.04

De coração murcho e alma anestesiada tropeço nesta vida magra, cinzenta, perdida, mergulhada no nada e nesta tristeza que me afoga em lágrimas e me eleva ao expoente da solidão. Vida sem sentido nem ideais. Vida amarga, com estradas cortadas, labirintos fechados e grades que me aprisionam à tua inevitável ausência.

Tu, Joana, que foste o meu primeiro e grande amor, levaste contigo a fórmula secreta cuja reacção transformava o meu mundo num local agradável de se viver. Levaste a chave que abria o meu coração, partiste a alavanca que accionava o meu sorriso, bebeste a fonte toda da minha alegria, enterraste a minha vida e foste embora abanando a cabeça e agitando os teus cabelos ondulados que soltaram pela última vez o brilho que outrora foi meu.

 

Chegaste e instalaste-te no meu coração sem pedir licença. Fizeste-me acreditar que o amor afinal era real e não existia só nos livros, nos filmes e nas telenovelas. Ensinaste-me a entender o que cada olhar pode dizer quando reinamos num mundo de silêncio. Aprendi a decifrar a linguagem das mãos, do teu corpo, do teu cabelo. Fizeste de mim um alquimista nesta magia à qual chamam amor. Levei-te a ver o mar, ofereci-te todos os dias um céu. Apresentei-te a lua.

Depositei em ti todos os meus sonhos, esperanças, projectos, receios, e não mais os devolveste… Levaste-os contigo, como sendo teus de direito, e deixaste-me aqui, vazio, apenas com este coração murcho, que agora só serve para os batimentos cardíacos que ainda me mantêm vivo... porque afinal ninguém morre de amor… Porque afinal, o amor nem deve existir e tu enganaste-me como se engana uma criancinha, mas em vez de me dares doces o doce eras tu.

 

Tu, Joana, por quem eu era capaz de dar a vida só para te ver sorrir, acabaste com tudo o que um mortal precisa para ser feliz. Dei a minha vida para ver o teu sorriso e tu levaste-a contigo. Não mais acredito nesta porra a que chamam amor, não mais acredito em meninas com sorrisos bonitos nem com cabelos ondulados que soltam brilho. Não voltarei a ver o mar e recuso-me a dizer adeus à lua. Não vou mais contar estrelas nem perseguir pássaros. Desisto de colher flores naquele sítio que era só nosso e que agora passou a ser só meu… Mas agora eu já não sei ser só eu. Sabes Joana, eu amava-te mesmo. Nunca te menti quando dizia que queria casar contigo e viver numa casinha colorida rodeada de jardins de todas as cores e tamanhos. Porque foste embora? Serias alérgica ás flores?!... Desisto também de arranjar respostas para justificar a tua partida. Foste embora e a realidade é esta. Não voltes mais… Sei que não é preciso pedir para não voltares mas ao menos conforta-me saber que eu não quero que voltes.

 

O meu mal Joana, foi ter aberto a minha vida como uma janela e ter deixado entrar as moscas.

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publicado às 00:07


29 comentários

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De Anónimo a 21.08.2004 às 11:46

Não sei se a Joana existe ou não... Apenas sei que tu existes e escreves lindamente!:)Raquel
(http://olivrodopo.blogs.sapo.pt)
(mailto:kelinhacls@hotmail.com)

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